Aumento de casos de plágio estão movimento o mercado musica, uso de IA cria novos desafios

Recentemente, o portal da Istoé publicou uma notícia bem interessante sobre Direitos Autorais e os recentes casos de plágio no mercado musical. No último mês, um dos casos mais notáveis envolveu uma das maiores bandas do mundo, os Rolling Stones.

O músico latino Sergio León, da banda espanhola Angelslang, acusou Mick Jagger e Keith Richards de usarem trechos de sua composição “So Sorry” em “Living in a Ghost Town”, faixa lançada pelos Stones em 2020.

Embora muitos fãs pensem que, após mais de meio século de carreira, os roqueiros britânicos não precisam plagiar, León apresentou fortes evidências em seu processo, incluindo a prova de que esteve com Chris Jagger, irmão de Mick, em um show da banda em Barcelona, em 2017, e lhe entregou um CD contendo a música “So Sorry”. A decisão final será tomada por um tribunal em New Orleans, nos EUA.

Conforme o portal, o problema do plágio musical é que, muitas vezes, as fronteiras entre influência e imitação são difíceis de definir. Quem lembra quando Rod Stewart assumiu que se inspirou na canção ‘Taj Mahal’ de Jorge Benjor para compor ‘Do Ya Think I’m Sexy?’ Na época, Stewart alegou que foi influenciado, após visitar o Brasil e ouvir a canção de Benjor em vários lugares.

A definição legal de plágio musical também é bastante subjetiva. Embora o consenso mundial na área de direitos autorais seja que a reprodução de uma mesma harmonia por pelo menos oito compassos constitui uma irregularidade, há casos em que trechos semelhantes mais curtos são considerados cópias fiéis, e outros em que linhas que se repetem por um período ainda mais longo não são consideradas plágio. Como resultado, os casos de plágio musical geralmente são avaliados caso a caso, levando em consideração a verificação do bom senso e dos princípios de costume.

O advogado Ygor Valério, especialista em direitos autorais, explicou ao portal que embora exista uma legislação mundial sobre plágio, ela é aplicada de forma diferente: “A regra dos oito compassos não está escrita em lugar nenhum, é sempre tratada legalmente como uma questão casuística. Existe uma legislação mundial, mas ela é aplicada de forma diferente e específica.”.

O portal também destacou que avanço da tecnologia e da inteligência artificial pode ajudar a detectar casos de plágio, mas também tornar mais difícil definir o que é ou não é uma cópia ilegal, criando novos desafios para a indústria musical e para os profissionais que trabalham com direitos autorais:

“A utilização de obra pré-existente para ensinar um robô a criar conteúdo vai suscitar discussões complexas. Se o computador finalizar a obra de um compositor que faleceu, quem deverá ser creditado como autor? A empresa que criou a máquina ou o criador, que a alimentou a partir de seu estilo próprio e único?”. Questionou o advogado.

Diante dessas dúvidas complexas, talvez vamos ter saudades de contar os oito compassos.

 

Foto: Rolling Stones (divulgação)

EUA ABRE DISCUSSÃO SOBRE PROTEÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS PARA OBRAS CRIADAS POR IA

Obras criadas por Inteligência Artificial (IA) são protegidas? No Brasil e nos EUA, apenas criações do espírito são protegidas pela LDA. Entretanto, o Escritório de Direitos Autorais dos Estados Unidos já deu indícios que isso pode mudar.

Recentemente, o escritório de Direitos Autorais americano decidiu convocar artistas, advogados e desenvolvedores a ouvir o que eles pensam sobre as questões que envolvem criações artísticas a partir do uso de IA.

Conforme noticiado pelo Hollywood Reporter, o escritório afirmou que as LDA dos EUA só protegem obras criadas por humanos, mas um material gerado por IA pode ser elegível para uma reivindicação de direitos autorais, caso um humano “selecione ou organize” o material de uma forma “criativa”, e o resultado se torne uma obra original de autoria.

Foi o caso de ‘Zarya of the Dawn’, uma história em quadrinhos criada por IA. Pela primeira vez, o escritório avaliou se houve aplicação de direitos autorais à IA. Entretanto foram concedidos apenas os direitos para as imagens criadas por humanos.

A questão da propriedade intelectual e da responsabilidade pelo conteúdo gerado pela IA ainda é um problema a ser resolvido, e ainda estamos no início da conversa. Seguimos acompanhando

Imagem: Zarya of the Dawn’, divulgação

NELLY FURTADO DANÇA VERSÃO VIRAL BRASILEIRA DE SUA MÚSICA E REIVINDICA DIREITOS AUTORAIS

A cantora Nelly Furtado está reivindicando seus direitos no hit viral ‘Lovezinho’ da cantora brasileira Trayce. O hit que viralizou no Carnaval após o influencer Xurrasco publicar um vídeo dançando na rede social vizinha, é na verdade, uma versão da música ‘’Say it Right’, da cantora canadense Nelly Furtado.

A cantora parece que aprovou a versão, já que também reproduziu a coreografia em sua rede social. Entretanto, WK, o produtor e detentor de 80% dos direitos autorais da versão brasileira, disse que foi notificado pela editora Sony a fim de iniciar o processo de negociações da parte autoral que cabe a Nelly Furtado.

Ao G1, WK disse que está disposto a negociar os direitos da canção e ceder 20% para a cantora canadense:

“Eu estou aberto a negociações. E é bom para mim saber que a música já chegou a ela e ao Timbaland. Significa que meu trabalho se propagou”, disse o produtor.

WK lembrou de outro caso semelhante, no qual o cantor James Blunt também buscou sua porcentagem nos direitos autorais após a canção “Coração Cachorro’ viralizar no Brasil. Na época Blunt ficou com 20% dos direitos:

“A exemplo de outros remixes que foram feitos, esses acordos sempre são feitos no valor de 20%. Seria justo, porque só peguei a modelagem do refrão. E se for traduzir a música dela e pegar o que eu fiz, não tem nada a ver uma música com a outra”, argumentou.

A editora M13, representante de Treyce, também afirmou que o acordo está sendo feito e também não vê problemas em deixar uma parte dos direitos aos autores de “Say it right” pela melodia do refrão.

Foto: reprodução

 

 

 

DISTRIBUIÇÃO POR EXECUÇÃO PÚBLICA CHEGOU A R$1,2 bilhão em 2022

O Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) anunciou que o valor da distribuição de direitos à compositores e artistas por execução pública chegou a R$1,2 bilhão em 2022, um aumento de 35% em comparação ao ano anterior.

Conforme noticiado pelo Globo, na Coluna de Ancelmo Góes, a volta dos shows e eventos presenciais após dois anos de pandemia, contribuiu para o aumento da distribuição.

No total, foram mais de 316 mil compositores e artistas contemplados com rendimentos em direitos autorais de execução pública.

Imagem: Pedro Kirilos / Agência O Globo.

 

CORINTHIAS BUSCA NA JUSTIÇA DIREITOS DO HINO “CAMPEÃO DOS CAMPEÕES”

O time de futebol Corinthians está buscando na justiça o direito de seu hino “Campeão dos Campeões”, para evitar “surpresas” futuras.

Conforme noticiado pelo Uol nesta quinta-feira, a preocupação do time começou quando a diretoria recebeu uma notificação da editora Musiclave em 2011, por conta da execução do hino em uma propaganda da TV Bandeirantes. No caso, esta editora alegou ser representante dos herdeiros do autor.

Na época, a notificação não gerou um processo, mas foi o que fez o time saber da existência de um contrato realizado em 1969, entre o autor do hino Lauro D’Avila e a Editora Musical Corisco, bem como a representação pela Musiclave.

Como forma preventiva, o Corinthians decidiu abrir um processo em 2022 contra as duas editoras, para acabar com o “entrave e oficializar o hino como propriedade do clube, sem qualquer condição ou necessidade de pagamento pela utilização, já que anteriormente nunca houve cobrança pelo uso do hino”, informou o portal.

“De 1955, quando foi institucionalizado como hino do clube, até 1985, quando o autor da obra faleceu, nenhum pedido de autorização ou restrição foi imposto ao Corinthians pelo criador do hino. O mesmo ocorreu depois de sua morte, pois o Corinthians continuou a usar a obra de forma livre, sem sequer saber da existência da editora”, descreveu um trecho do processo obtido pelo portal.

Com o processo em andamento, o Corinthians visa garantir um acordo, e disse que não vai impedir que as editoras cobrem direitos autorais de quem gravar o hino.

 

Foto: guetty images

APÓS RECUPERAR MASTERS, DE LA SOUL VOLTA ÀS PLATAFORMAS DE STREAMING

O De La Soul anunciou que estará de volta às principais plataformas de streaming. O trio americano de Hip-Hop estava há anos longe das plataformas de áudio, por não ter acordos sobre os samples usados em suas músicas.

A Billboard conversou com dois dos integrantes, Posdnuos e Dave, sobre o processo para recuperação do controle de suas masters. Tudo se iniciou quando a Reservoir Media comprou os direitos musicais da antiga gravadora do grupo, e os ajudou no clearance para recuperação das masters. Eles destacaram a importância de ter profissionais para auxiliá-los na missão:

“Se não tivéssemos a ajuda da Reservoir, que pegou o projeto e está colaborando conosco para fazer esse lançamento, não sei a quem recorreríamos. Daria ainda mais trabalho. Portanto, você precisa de colaboradores, precisa de ajuda. Definitivamente, não foi apenas: ‘Recuperamos nossas masters!’, disse Posdnuos.

Além da ajuda da gravadora, outro fator que tornou a volta De La Soul aos streamings foi a colaboração dos detentores de direitos dos samples, compositores e editoras:

“O que é ótimo é que muitos desses proprietários, compositores e editores eram fãs do De La Soul, e haviam entendido o que estava acontecendo. Eles ficaram felizes em ver que estava em nossas mãos agora, e quando fomos tentar esclarecer as coisas, todos ficaram disponíveis para resolver”, contou Posdnuos. “Foi uma grande jornada ver que as pessoas estavam dispostas a ajudar”, complementou.

Com as masters em mãos, a partir de março seus seis álbuns estarão nos principais streamings. A campanha de divulgação começa amanhã (13 de janeiro) com o single “The Magic Number” disponibilizado nas plataformas digitais, e o lançamento de um site para venda do single em vinil e fita cassete.

Foto:  Robert Adam Mayer 

MINISTÉRIO DA CULTURA TEM NOVO SECRETÁRIO DE DIREITOS AUTORAIS E INTELECTUAIS

Nesta segunda-feira (2) aconteceu a cerimônia de posse das Secretarias pertencentes ao Ministério da Cultura, incluindo o novo Secretário de Direitos Autorais e Intelectuais, Marcos Souza.

Conforme a Folha de São Paulo, Marcos Souza é Mestre em antropologia pela UnB e servidor do Ministério da Economia desde 2002, dirigiu o setor de direito autoral do MinC entre 2004 e 2016. Além disso, foi assessor da liderança do PT no Senado para a área da cultura de 2018 a 2022, onde foi um dos redatores da Lei Paulo Gustavo.

Vale notar que o Ministério da Cultura contará com um orçamento recorde de R$10 bilhões para 2023. Sendo que destes, R$ 3,8 bilhões serão destinados para a Lei Paulo Gustavo.

O setor cultural comemora, já que no primeiro ano de seu governo, de Jair Bolsonaro reservou apenas R$ 2,1 bilhões para a pasta, número que caiu para R$ 1,67 bilhão em 2022.

“Estávamos tristes, com medo de perseguidos e algumas vezes humilhados. Mas agora abrimos mais uma vez os olhos para este encanto único que é o Brasil, nossa casa que estava sendo demolida de dentro para fora, a partir da sua alma, que é a cultura”, disse ela, no evento.

 

 

Foto: Ricardo Stuckert/Twitter

Nova taxa de royalties de streaming para compositores é definida nos Estados Unidos

A taxa de royalties de streaming devidos a compositores e editores nos Estados Unidos foi atualizada antes do fim de 2022.

De acordo com a Billboard, na sexta-feira (30 de dezembro), os juízes do Copyright Royalty Board divulgaram sua decisão sobre as taxas de royalties de streaming para compositores no período de janeiro de 2023 a dezembro de 2027, mantendo um acordo proposto pelas associações National Music Publishers ‘ Association (NMPA), Digital Media Association (DiMA) e Nashville Songwriters’ Association International (NSAI).

Desta forma, a taxa principal aumentará de 15,1% da receita em 2023, para 15,2% em 2024. A partir de 2015 a taxa será aumentada em meio ponto percentual nos três anos restantes, chegando a 15,35% em 2027. Para o NMPA, os compositores americanos receberão “as taxas mais altas da história do streaming digital”.

Como explicamos anteriormente em nosso blog, em 2018 os compositores e editores americanos ganharam um aumento de 3,7% (de 11,4% para 15,1%) nas taxas de royalties em plataformas de streaming, mas algumas delas incluindo Spotify, Amazon, Pandora e Google, entraram com um recurso na Justiça para que o aumento fosse evitado. Após cinco longos anos, as associações americanas de compositores e editores conseguiram manter  taxa de 15,1%.

Em um comunicado na sexta-feira, o presidente e CEO da NMPA, David Israelite, comemorou a notícia. “A partir de 1º de janeiro, os compositores terão as taxas mais altas do mundo e as taxas mais altas da história do streaming digital”, disse ele. “Obrigado aos muitos defensores dos compositores que trabalharam duro para fazer isso acontecer. Ainda há muitos desafios pela frente para garantir que as músicas recebam seu devido valor, mas o futuro é brilhante.”

CEO DO LYRICFIND FALA SOBRE NOVO PROJETO PARA AMPLIAR TRADUÇÕES DE LETRAS DE MÚSICAS

Já parou pra pensar na importância das letras e traduções de músicas? Nossa fundadora, Guta Braga, sempre dá a dica em suas palestras para que artistas deixem disponíveis suas letras de músicas, se possível, com traduções em várias línguas, para que fãs do mundo todo possam se conectar com a mensagem das letras.

Plataformas como o LyricFind estão aí para proporcionar estas conexões, e nesta semana o Creative Industries News trouxe uma entrevista bem relevante com Robert Singerman, para falar de uma nova plataforma que está chegando, e que promete fazer a diferença no mercado: o BELEM.

Robert Singerman é vice-presidente sênior de publicação internacional no LyricFind. Desde 2004, sua missão é garantir que as músicas em qualquer idioma possam ser compreendidas por todas as pessoas por meio da tradução das letras.  Durante a entrevista, ele explicou sobre o novo projeto ‘BELEM’, e como ele será um divisor de águas no mercado musical, iniciando pela Europa:

“O objetivo original e os planos é mostrar traduções [de letras de músicas] entre todas as línguas, começando com o repertório internacional mais popular da UE e línguas da UE. Isso pode transformar a Europa, onde as letras em muitos idiomas podem ser entendidas com traduções humanas por públicos que não entendem esse idioma. Unidade e diversidade, intercâmbio cultural, comércio, esperemos pela harmonia”.

Sem dar previsão definitiva para o lançamento da nova plataforma, o executivo já deixou claro o que podemos esperar em termos de funcionalidades, incluindo vídeos de letras de músicas, shows ao vivo e webnars. A plataforma quer ainda oferecer cursos de capacitação para editores de música, mapeamento de idiomas europeus, e um diferencial: traduções de canções indígenas, agregação e monetização de tradução de letras.

“A oportunidade para editores musicais, gravadoras, artistas e compositores da UE e para o público global é enorme”, disse Singerman ao portal.

EM ACORDO JUDICIAL, UNIVERSAL MUSIC TERÁ QUE PAGAR R$1 MILHÃO ÀS HERDEIRAS DE RAUL SEIXAS

A Universal Music terá que pagar R$1 milhão para as filhas herdeiras de Raul Seixas, como parte de um acordo de direitos exclusivos de fonogramas e obras do cantor.

Conforme noticiado pela coluna de Ancelmo Góes, via O Globo, o acordo se deu após as filhas de Raul Seixas entrarem na justiça, e alegarem que a gravadora estaria “retendo royalties recolhidos” das canções do cantor em plataformas de streaming. Além disso, as herdeiras citaram na ação que a gravadora não estava prestando contas de forma transparente, e nem prestando os serviços que foram estabelecidos em contratos.

Na última quinta-feira, o juiz Alexandre de Carvalho Mesquita, da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, decidiu passar a titularidade dos direitos conexos sobre os fonogramas de Raul para a gravadora, bem como o “direito de comercializar, distribuir, ceder e licenciar os fonogramas” para qualquer plataforma “existente ou que venham a existir”.

A decisão também estabeleceu o pagamento pela Universal de aproximadamente R$1 milhão às três filhas do cantor, que terão que dividir igualmente o valor. Elas continuaram a receber por seus respectivos percentuais sobre a parte autoral das obras.

Vale notar que as herdeiras também abriram a mesma ação contra a Warner Music, mas o caso ainda precisa ser julgado.

Foto: Divulgação

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