ROTEIRISTAS ACIONAM MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO POR FALTA DE DIÁLOGO COM PLATAFORMAS DE STREAMING

Se um por um lado as plataformas de streaming de música tem aberto portas para novos artistas, por outro ainda é preciso pensar em maneiras mais justas de remuneração para os detentores de direitos autorais. Na indústria audiovisual, roteiristas tem enfrentado questão parecida através de contratos abusivos e falta de diálogo com plataformas de streaming de vídeo.

Conforme relatado pelo NaTelinha.com.br, a Associação Brasileira de Autores e Roteiristas (ABRA) decidiu acionar o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro e de São Paulo para denunciar práticas abusivas que plataformas de streaming tem adotado na contratação de roteiristas para séries e filmes.

Paula Vergueiro, advogada da associação disse à Folha de S. Paulo que tem recebido cada vez mais reclamações dos associados por conta das cláusulas abusivas em contratos, e a falta de diálogo com as plataformas para negociação. Por isso, a ABRA decidiu acionar o Ministério Público do Trabalho para que uma conversa seja iniciada urgentemente:

“Os roteiristas recebem os contratos [por meio das produtoras realizadoras do projeto] e a gente não consegue negociar nenhuma cláusula. São contratos impostos”, explicou ao portal.

Uma das práticas mais comuns apontada pela advogada, é que ao contratar roteiristas para projetos, plataformas impõem seus próprios modelos de contratos, com versões traduzidas de documentos elaborados por suas matrizes no exterior, sem seguir o que dizem as leis brasileiras:

“E existem cláusulas muito desequilibradas em favor das plataformas. Por exemplo, há contratos que exigem exclusividade do autor, que ele fique disponível para uma possível segunda ou terceira temporada de uma série, mas sem remunerá-lo por essa exclusividade.”, exemplificou Vergueiro.

Vale notar que desde o início deste ano, o jornalista e escritor João Ximenes Braga, vencedor do 41º Emmy Internacional pela novela Lado a Lado (2012-2013), exibida na TV Globo, já havia desabafado sobre a crise enfrentada pelos roteiristas na indústria audiovisual.

“Se as coisas continuarem como estão, esse mercado vai entrar em colapso, e não vai demorar, pois não é só o fim do contrato longo. Isso vem junto com uma nova visão de produção em que o roteirista é apenas um técnico e não mais pode almejar a posição de autor/criador. Tudo ao mesmo tempo, e de propósito, para baratear a mão de obra”, alertou o escritor.

YOUTUBE PAGOU US$6 BILHÕES À INDÚSTRIA DA MÚSICA NO ÚLTIMO ANO

Nesta terça-feira o YouTube anunciou que pagou à indústria da música US$6 bilhões nos últimos seis meses, US$2 milhões a mais em comparação à 2020. A notícia foi dada pelo diretor Global de Música, Lyor Cohen, no blog oficial da plataforma, com direito até a um “Short” estrelado por ele mesmo.

De acordo com o Diretor, o YouTube espera que anúncios e assinaturas sejam os principais contribuintes de receita para o setor até 2025. E a fim de conseguir alcançar esse objetivo, a plataforma está monetizando todos os formatos de música (vídeos curtos e longos, faixas de áudio, Lives etc.), em todos os dispositivos (desktop, tablet, celular e TV), em mais de 100 países.

Além disso, a monetização de conteúdo gerado pelo usuário (UGC) também impactou em mais de 30% dos pagamentos para artistas, compositores e detentores de direitos, pelo segundo ano consecutivo.

Somente o “Shorts”, um recurso do YouTube para criação de vídeos curtos, gerou 30 bilhões de visualizações por dia, com 1,5 bilhão dos usuários conectados mensalmente. Cohen adiantou que em breve este conteúdo também será monetizado.

Outro destaque mencionado pelo executivo foi sobre o novo jeito de se consumir música. Para ele, fãs “querem descobrir, consumir e participar de músicas em vários formatos de conteúdo”, e o YouTube tem buscado oferecer essas novas experiências. A exemplo disso, Cohen citou o lançamento “Pink Venom”, single do grupo de k-pop BlackPink (foto). Antes do lançamento oficial, fãs tiveram diversas experiências com a música. Primeiro assistiram ao “teaser”, em seguida o grupo lançou um desafio no Shorts, e por fim, a estreia do clipe com transmissão ao vivo. O resultado? “Pink Venom” se tornou a maior estreia de videoclipe em 24 horas no ano, e a terceira maior estreia de videoclipe em 24 horas de todos os tempos.

Vale notar que a parceria com o grupo vem desde 2020. Como relatamos na época, o grupo lançou o show virtual “BlackPink – “The Show”. Antes do evento, as meninas tinham 280.000 membros assinantes do em seu canal oficial, após o show esse número bateu a marca de 2,7 milhões de novos assinantes.

“Construir uma experiência de música conectada em todos os formatos de música é ótimo para os fãs, mas também deve ser ótimo para os artistas. Todos os artistas. Quer eles queiram ser ocasionalmente brilhantes ou “sempre ativos”, é nossa missão ajudá-los a trilhar seu próprio caminho no YouTube e desenvolver carreiras financeiramente sustentáveis” concluiu o diretor.

Foto: Blackpink – Divulgação