Quadrinista brasileiro é impedido pela Marvel de vender obra digital em NFT

O quadrinista brasileiro Mike Deodato foi impedido pela Marvel de vender uma obra digital do Homem- Aranha em NFT. Após ser notificado pela Marvel, o Rarible precisou suspender a obra de seu marketplace por violação de direitos autorais, o que prejudicou tanto o artista quanto o comprador.

A medida que artistas quadrinistas tem visto nos tokens não fungíveis uma fonte de renda, empresas como Marvel e DC Comics estão abrindo uma guerra na disputa pelos direitos das obras digitais.

Em entrevista ao Cointelegraph Brasil, Mike Deodato – que é referência no mundo dos quadrinhos e trabalha há 20 anos pela editora- explicou que há décadas artistas contratados por editoras são impedidos de vender seus originais, por conta de seus contratos firmados pelas editoras. Com o surgimento do NFT, artistas podem ter uma oportunidade de ter ganhos ao vender seus trabalhos digitais.

“Quando eu vi os NFTs eu pensei: É a solução perfeita. Ele dá um certificado de autenticidade e aquilo é único, é como vender um original de arte. Mas não é o que as editoras pensam, a Marvel e a DC. Isso vinha passando despercebido pelas empresas, até que o José Delbó, um quadrinista argentino, vendeu uma obra por US$1 milhão ou algo do tipo. Isso chamou atenção deles e eles se movimentaram, mandaram cartas pros artistas proibindo a venda. De um jeito gentil, mas dizendo que se publicasse eles viriam atrás da gente”, relatou o quadrinista ao portal.

Além de impedir que artistas ganhem dinheiro com suas obras digitalmente, Deodato afirmou que as editoras também pressionam as plataformas para não publicarem artes ligadas a seus personagens:

“Por conta disso, uma peça que eu já havia vendido foi retirada do site. O comprador então veio atrás de mim e eu pedi que ele se acalmasse, que eu vou conversar com eles e em último caso vou devolver o dinheiro. Eu fiquei me sentindo um criminoso vendendo uma obra de arte original, minha. Eu passei 25 anos trabalhando para a Marvel e agora não posso vender uma arte original agora? Isso não é jeito de tratar nenhum dos criadores”, continuou Deodato.

Agora o quadrinista busca apoio da comunidade de artistas para lutarem pelo direito de vender suas obras em formato digital. Em um manifesto, o artista chamou a atenção de Neil Adams, ativista que luta dos direitos sobre as obras dos quadrinistas no mundo.  Após receber a notícia sobre o caso, Adams iniciou uma conversa com as editoras e associações de proteção dos direitos de quadrinistas para tentar chegar a um meio termo e permitir que artistas possam vender suas obras ligadas a personagens dos quadrinhos usando plataformas de NFT.

“O NFT é um negócio muito novo, mas pelo meu entendimento o que é justo no mercado físico deveria valer para o digital. A curto prazo eu espero que eles parem com esse assédio com os criadores, espero que as conversas com as editoras cheguem a algum acordo. Acho que as editoras estão fazendo um marketing terrível para eles mesmos. Espero que nesse ano ainda cheguemos em um acordo neste sentido, e se eles quiserem uma porcentagem ou algo do tipo, embora eu ache que eles não mereçam, a gente também está disposto a oferecer para encerrar esta história”, concluiu o  artista.

Foto: Reprodução