Músicas de artistas que não cantaram?

Um caso polêmico tomou conta do mundo da música. Recentemente, foram lançadas faixas atribuídas a grandes nomes como Nana Caymmi, Eduardo Dussek, Dalto, e até Emílio Santiago (falecido em 2013). O problema? Nenhum deles participou dessas gravações.
De acordo com a Coluna de Heloisa Tolipan, as músicas, no estilo easy listening e com menos de dois minutos, trazem créditos a compositores desconhecidos e vozes que não correspondem aos artistas mencionados.
 • Nana Caymmi está em tratamento médico, com sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, impossibilitando lançamentos.
 • Dalto nega qualquer envolvimento com as faixas.
 • Emílio Santiago, que morreu há 12 anos, não teria músicas inéditas.
A situação expõe uma falha grave: o Spotify, principal plataforma de streaming, não exige vínculo com selos ou gravadoras para disponibilizar músicas. Isso, somado à falta de mecanismos de verificação e canais de comunicação claros, facilita casos como este.
 (Foto: O cantor Emílio Santiago_Divulgação)

Cantor Sertanejo é Preso por Esquema de Fraude Musical no Spotify

O sertanejo Ronaldo Torres de Souza, 46, foi preso preventivamente no dia 5 de dezembro, em Passo Fundo (RS), acusado de liderar um esquema de roubo de músicas com o uso de perfis falsos no Spotify.

De acordo com o Uol, o Ministério Público identificou que o sertanejo controlava sozinho uma rede que movimentava músicas roubadas de outros compositores, usava robôs para simular plays e lucrava diretamente com os ganhos.

Ronaldo é a primeira pessoa presa no Brasil por fraudes em serviços de streaming musical. Ele chegou a flertar com o sucesso em 2015, mas acabou optando por um caminho ilegal. A investigação aponta que ele criava perfis de artistas fictícios usando documentos falsos e cadastrava as músicas roubadas, enquanto o dinheiro caía direto em seu Pix.

Na operação, foram apreendidos cerca de R$ 2,3 milhões em bens, como carros e criptomoedas. Em sua casa, no Recife, o MP encontrou uma “fazenda de streams”, composta por 21 laptops programados para simular a audiência de 2.500 ouvintes simultâneos.

Além das músicas roubadas, Ronaldo usava faixas criadas por inteligência artificial para inflar o esquema. No total, ele é acusado de causar um prejuízo estimado de R$6,6 milhões a autores. A Justiça de Goiás já aceitou a denúncia, e ele pode pegar até dez anos de prisão por estelionato, falsa identidade e violação de direitos autorais.

O cantor Murilo Huff, ex-companheiro de Marília Mendonça, está entre as vítimas. O MP ainda investiga outros possíveis casos, já que nos dispositivos de Ronaldo foram encontradas mais de 3.900 faixas.

Em abril de 2024, o UOL revelou a existência de 209 perfis falsos, 444 músicas e 28 milhões de plays suspeitos no Spotify. Procurado após sua liberação da prisão preventiva, Ronaldo alegou estar hospitalizado e não deu mais declarações. Seu advogado afirmou que ele continua colaborando com a Justiça.

O caso trouxe à tona a dificuldade de identificar fraudes no setor musical. Uma consultoria especializada estima que 10% dos plays globais em streamings são falsos, desviando cerca de US$ 2 bilhões por ano. Apesar do impacto, plataformas como o Spotify afirmam depender de intermediários para verificar a autenticidade do conteúdo.

Imagem: Ministério Público de Goiás/Reprodução

 

TIKTOK APOSTA EM RECURSO DE PRÉ-SALVAMENTO DE ÁLBUNS PARA FORTALECER SUA ESTRATÉGIA MUSICAL

O TikTok está expandindo suas ferramentas de integração com serviços de música, dessa vez testando a opção de pré-salvamento de álbuns diretamente em seu aplicativo.

Com esse novo recurso, usuários poderão salvar lançamentos futuros em suas bibliotecas no Apple Music ou Spotify, permitindo que os álbuns sejam automaticamente adicionados assim que estiverem disponíveis. A plataforma confirmou ao site Music Ally que essa funcionalidade ainda está em fase beta, mas promete ajudar artistas a promoverem seus novos álbuns com o apoio dos fãs.

A novidade foi identificada durante testes, ao observar o botão de pré-salvamento em uma postagem de Rosé, integrante do grupo Blackpink, promovendo seu próximo álbum “Rosie”. O TikTok já tinha implementado o botão “Adicionar ao aplicativo de música” em 2023, para que usuários pudessem transferir suas descobertas para listas de reprodução em outros serviços de streaming. Agora, com a adição do pré-salvamento, a plataforma amplia ainda mais o impacto da descoberta musical.

Esse movimento reforça a tentativa do TikTok de consolidar parcerias com o mercado musical, mesmo diante de algumas tensões. Recentemente, a empresa decidiu não renovar seu contrato com a agência Merlin, que representa gravadoras independentes. Em vez disso, optou por negociar diretamente com distribuidoras, uma decisão que gerou polêmica, mas foi apoiada por empresas como UnitedMasters e Ditto.

Com essas estratégias, o TikTok busca se posicionar não apenas como uma rede de vídeos virais, mas como um importante canal para a promoção e consumo de música nas principais plataformas de streaming.

 

Foto; reprodução

SPOTIFY AMPLIA TESTE DE VIDEOCLIPES PARA MAIS 85 PAÍSES E DIVULGA IMPACTO POSITIVO

Faz pouco mais de meio ano que o Spotify adicionou videoclipes ao seu serviço, mas apenas como um teste beta em 11 países. Agora isso está se expandindo drasticamente, para mais 85 países.

Conforme o MusicAlly, o recurso ainda está em beta, mas tem alguns novos ajustes: indicadores em faixas de áudio para ajudar as pessoas a ver quando um vídeo está disponível para assistir, e vídeos musicais agora aparecem nos resultados de pesquisa.

Ao anunciar a expansão, o Spotify também ofereceu algumas estatísticas sobre o impacto até agora. “Os usuários que descobrem uma música e depois assistem ao videoclipe no Spotify têm, em média, 34% mais probabilidade de transmitir a música novamente na semana seguinte”, afirmou. “E, em média, as músicas descobertas em videoclipes têm 24% mais chances de serem salvas ou compartilhadas na semana seguinte por quem assistiu.”

Além disso, há uma nova guia ‘Vídeos e recursos visuais’ no painel do Spotify for Artists para ajudar os artistas a gerenciar seus videoclipes, bem como vídeos em Canvas e clipes curtos.

Foto; reprodução

TikTok Anuncia o Fim do TikTok Music para Focar em Parcerias com Plataformas de Streaming

O TikTok anunciou o encerramento global do serviço TikTok Music, marcado para o dia 28 de novembro. Lançado inicialmente na Indonésia e no Brasil no ano passado, o serviço estava disponível em cinco regiões, incluindo Austrália, Cingapura e México. 

De acordo com o Music Business Worldwide, a decisão faz parte de uma estratégia da empresa de concentrar seus esforços no recurso “Adicionar ao aplicativo de música”, que permite aos usuários salvar músicas descobertas no TikTok em plataformas de streaming como Spotify e Apple Music.

Ole Obermann, chefe de desenvolvimento de negócios musicais do TikTok, explicou que o foco agora é fortalecer o papel do TikTok na promoção da música em serviços de streaming parceiros, beneficiando artistas, compositores e a indústria musical. Esse recurso, já disponível em mais de 180 países, está em negociação com outras plataformas de streaming para novas parcerias.

O TikTok, que já contribuiu para o sucesso de muitos hits, continuará usando seu alcance para impulsionar o consumo de música nas plataformas externas, como demonstrado na Alemanha, onde 27% dos 100 maiores sucessos virais do TikTok se tornaram sucessos nas paradas locais.

Foto – T Schneider/Shutterstock

Spotify Vence Ação e Juíza Decide que Editora de Eminem Fabricou Processo para Lucrar

O Spotify saiu vitorioso em um processo que durava cinco anos e envolvia a alegação de que músicas do rapper Eminem, incluindo o hit “Lose Yourself”, foram transmitidas ilegalmente na plataforma. A decisão, proferida em agosto pela juíza federal Aleta A. Trauger, rejeitou as acusações feitas pela editora Eight Mile Style, que representa o catálogo de Eminem.

De acordo com a Billboard, a editora entrou com a ação em 2019, alegando que o Spotify transmitiu centenas de músicas do rapper sem as licenças adequadas. No entanto, a juíza determinou que o processo foi, na verdade, fabricado pela editora para maximizar ganhos financeiros, em vez de buscar uma resolução adequada.

A juíza Trauger afirmou que a Eight Mile Style sabia que suas músicas estavam sendo tocadas no Spotify, mas escolheu não agir a tempo, optando por construir um caso mais lucrativo. Segundo a decisão, a editora não foi “uma vítima infeliz”, mas sim uma parte que preferiu “o cultivo de danos por violação” em vez de buscar uma solução justa.

Além disso, a responsabilidade pelo pagamento de danos, caso o processo tivesse prosseguido, recairia sobre a empresa de licenciamento Kobalt, que havia firmado um acordo com o Spotify para as músicas de Eminem. No entanto, como a maior parte do processo foi rejeitada, a questão dos custos legais ainda será discutida.

A decisão encerra um caso que trouxe à tona as complexidades do sistema de royalties de streaming e os desafios enfrentados por artistas e editoras na era digital.

Foto;  MI.John Smolek/Icon Sportswire/Getty Images

Menina da Bota Enfrenta Hackeamento de Música em Meio ao Sucesso

A música “Vim Dançar na Roça”, da Menina da Bota, está no centro de uma controvérsia envolvendo hackeamento e direitos autorais. A artista, que tem atraído crescente atenção e ultrapassou 1 milhão de seguidores, está lutando contra a pirataria de sua canção.

De acordo com o Terra.com.br, o hackeamento da música tem causado dificuldades para o produtor musical Gilson Gomes e sua equipe. Eles tentaram lançar a faixa no Spotify, mas descobriram que uma versão pirata já estava disponível na plataforma. David Alves Ferreira, responsável pelo registro legal da música, suspeita que o perfil falso possa ter sido criado por inteligência artificial fora do Brasil.

Além de Ferreira e Gomes, o DJ Frajola Tsunami, que fez uma versão autorizada da música, está colaborando para remover o perfil falso do Spotify. A equipe está reunindo a documentação necessária, incluindo o código ISRC, para comprovar a autenticidade da faixa.

O hackeamento não só afeta a visibilidade da Menina da Bota, mas também exemplifica as dificuldades enfrentadas por artistas em situações vulneráveis. Enquanto isso, o pai de duas cantoras mirins, que participaram da versão original da música, expressa descontentamento com a falta de reconhecimento e compensação financeira pelo trabalho das filhas.

Foto; reprodução

Músico é Acusado de Usar IA para Criar Músicas Falsas e Fraudar US$10 Milhões em Royalties

Michael Smith, músico da Carolina do Norte, foi indiciado por promotores federais em Manhattan sob acusações de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. A acusação alega que Smith, de 52 anos, usou inteligência artificial para criar “centenas de milhares” de músicas falsas, gerando mais de US$10 milhões em royalties fraudulentos desde 2017.

De acordo com a Billboard, Smith teria sido auxiliado por um CEO de uma empresa de IA não identificada e vários co-conspiradores nos EUA e no exterior. Segundo a acusação, ele utilizou as músicas falsas em plataformas como Spotify, Amazon Music, Apple Music e YouTube Music, e forneceu informações enganosas para maximizar seus ganhos.

O esquema envolvia a criação de milhares de contas de bot para aumentar o número de streams. Smith teria usado serviços de computação em nuvem para transmitir continuamente suas músicas e ocultar as atividades fraudulentas, utilizando nomes e endereços falsos e até VPNs.

A investigação do FBI destaca que as ações de Smith prejudicaram compositores e artistas legítimos, desviando mais de US$1 milhão em royalties anuais. Vários membros da indústria questionaram as atividades de Smith, incluindo a MLC, que suspendeu seus pagamentos de royalties e denunciou a possível fraude.

Kris Ahrend, CEO da MLC, enfatizou a importância de combater fraudes na indústria musical, reforçando a integridade das plataformas de streaming. O caso continua em investigação e destaca a crescente preocupação com o uso de IA para atividades fraudulentas no setor musical.

Foto; New York City Haizhan Zheng/Getty Images

Música de Anime cresce no Spotify e ganha espaço com nova parceria

O Spotify divulgou que os streams globais de música de anime em sua plataforma aumentaram 395% desde 2021. Além disso, os usuários criaram 6,7 milhões de playlists de anime.

De acordo com o Music Business Worldwide, a popularidade crescente desse gênero levou o Spotify a anunciar uma parceria com a Crunchyroll, plataforma de streaming de anime. Juntas, elas vão trazer playlists personalizadas para o hub de Anime do Spotify, que agora também contará com uma prateleira dedicada ao conteúdo da Crunchyroll.

Essa colaboração fortalece a conexão entre anime e música, com a Crunchyroll ampliando sua presença na indústria musical. A empresa, comprada pela Sony em 2021, já tinha se unido à Sony Music Entertainment Japan para licenciar conteúdo musical fora do Japão. Agora, a Crunchyroll lança o podcast “Crunchyroll Presents: The Anime Effect,” com convidados como o rapper Denzel Curry e a estrela do J-Pop LiSA, que discutem as últimas notícias do universo anime.

O chefe de música do Spotify no Japão, Kyota Onishi, destacou a importância do hub de Anime na plataforma, dizendo que ele se tornará indispensável para a cultura anime. A receita do anime fora do Japão cresceu 111,1% em 2022, refletindo a expansão global do gênero, que também está impactando o mercado de música em japonês, segundo a Luminate.

Esses movimentos indicam que a música de anime está se consolidando como uma força relevante na indústria musical global, impulsionada pela crescente demanda e novas parcerias estratégicas.

Foto; Postmodern Studio/Shutterstock

Estudo Mostra que Compositores Enfrentam Dificuldades para Viver da Música na Era do Streaming

Um estudo da consultoria britânica Midia Research revela que viver apenas como compositor na era do streaming é cada vez mais difícil. O levantamento, intitulado “Songwriters Take the Stage”, aponta que a remuneração para compositores não aumentou significativamente nos últimos 13 anos desde a criação do Spotify.

De acordo com a Folha de São Paulo, o relatório revelou que apenas 10% dos mais de 300 compositores pesquisados ganham mais de US$30 mil por ano, enquanto 54% recebem no máximo US$ 1.000. Para 67% dos entrevistados, a principal dificuldade é a baixa renda gerada pelo streaming.

Cada reprodução de uma música gera cerca de US$0,004. Desse valor, apenas 14% é destinado aos compositores, com 56% indo para artistas, gravadoras e distribuidoras, e 30% para o serviço de streaming. Na prática, isso significa que os compositores recebem apenas 9,5% da receita total, enquanto os artistas ganham quase o dobro.

A situação é ainda mais complicada pelo fato de que, ao contrário dos artistas, os compositores não podem complementar sua renda com turnês ou vendas de mercadorias. Por isso, somente 0,04% dos compositores se dedicam exclusivamente à composição.

Foto; Logo do Spotify – Rodrigo Oropeza/AFP

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