DIRETOR DA UNIVERSAL MUSIC É CHAMADO PARA DEPOR SOBRE FITAS DE RENATO RUSSO APREENDIDAS

A Operação Tempo Perdido (continuação da Operação Será) ganha nesta quarta-feira um novo episódio com o depoimento do diretor financeiro da Universal Music, sobre as gravações do cantor e compositor Renato Russo, encontradas no depósito Iron Mountain, em Cordovil, Zona Norte do Rio.

De acordo com O Globo, Afridsman Muzzy Neto, diretor financeiro a administrativo da Universal Music Brasil foi chamado para depor como representante da gravadora nesta quarta-feira, na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).

Em nota, a gravadora – atual detentora dos fonogramas de Renato, e bem como da Legião Urbana – alegou ter sido “surpreendida com este mandado de busca e apreensão em seu arquivo de tapes” e que “está providenciando acesso ao IP para ter conhecimento do que se trata para tomar as medidas legais cabíveis”.

Entenda o caso:

Em outubro, A DRCPIM apreendeu uma série de materiais gravados por Renato Russo, na casa do pesquisador Marcelo Fróes. Foram retirados HDs, computador e celular do pesquisador, que por muitos anos atuou como representante artístico da família de Renato, além de ser amigo e produtor do artista. 

Foi encontrado ainda, um relatório com informações sobre uma suposta existência de pelo menos 30 músicas em versões inéditas gravadas pelo artista, morto em 1996.

Vale notar que recentemente, o guitarrista da Legião Urbana, Dado Villa-Lobo se posicionou contra a operação. Para o músico, as fitas não são apenas de Renato Russo, mas da Legião Urbana: “Não é Renato Russo, é Legião Urbana”, disse Dado ao Globo. “Isso me pertence, pertence ao Bonfá e ao Renato [Rocha].”

Marcelo Froes afirma que investigação sobre obras inéditas de Renato Russo ‘não faz o menor sentido’

Como publicamos nesta manhã de terça-feira (27), policiais apreenderam documentos, HD’s e celular de um produtor musical, com suspeitas de haver posse não autorizada de materiais inéditos do cantor Renato Russo.

Desta vez, o produtor Marcelo Froes, explica em entrevista para O Globo o que aconteceu, alegando que toda a operação ‘Sera’ “não faz o menor sentido’.

De acordo com o portal, Froes era amigo de Renato Russo, sendo ex-representante jurídico de sua família e produtor de dois álbuns póstumos. Atualmente, o pesquisador musical é dono do selo de relançamentos da MPB, ‘Discobertas’.

Froes contou que há 20 anos foi contratado pela família do músico para fazer um levantamento de todo o material criado por Renato. Posteriormente, a EMI, também o contratou para realizar o serviço. Tanto banda, quanto família e gravadora receberam cópias de um relatório com todo o material do cantor.

“Em 2002, eu entreguei um relatório com tudo o que tinha sido achado na gravadora e no material que a família do Renato, o Dado (Villa-Lobos, guitarrista), o (baterista Marcelo) Bonfá e o Rafael (Borges, ex-empresário da Legião) tinham em suas casas e me passaram. Eles receberam tudo de volta, digitalizado, e cada uma das pessoas envolvidas receberam uma cópia do relatório, para ter como referência. Dona Carminha (mãe de Renato), Seu Renato (pai do cantor), todos receberam”, contou Froes ao portal.

Sobre a denúncia a partir de um perfil falso nas redes sociais, Marcelo Fores contou que por ser produtor e amigo de Renato, sempre foi muito procurado pelos fãs. E por isso, umas das conversas podem ter sido com o perfil:

“Conversei uma época com uma menina, a Ana Paula, que depois de um tempo eu descobri que não era uma menina, mas o cara do Arquivo Legião (Josivaldo Bezerra da Cruz Junior, que administra a página de fãs no Facebook, e que teve sua casa revistada pela polícia no ano passado, acusado por Giuliano de ter se apropriado de obras inéditas de Renato)”.

“Entrei de gaiato, devem ter achado uma dessas conversas e vieram bater aqui, fui surpreendido por um delegado querendo saber se eu tinha coisas da Legião Urbana, que começou a revirar a casa. Ele ensacou meus HDs e o meu computador, pegou o meu celular e levou tudo. Estão me prejudicando por algo que não faz o menor sentido”, alegou o produtor.

Quando foi abordado pelo delegado, Froes mostrou todas as cópias de seus contratos com a EMI e Legião Urbana, como prova de tudo o que tinha era autorizado.

“Eu quero meu material de volta, preciso trabalhar, nos meus computadores está o back up de tudo o que eu faço. Gravações de Ivan Lins, Quarteto em Cy, MPB4… minha vida está toda lá”.

O produtor também desabafou a respeito de Giuliano, filho e atual detentor de direitos de Renato Russo. Segundo ele, Giuliano nunca o procurou para saber o que ele sabia a respeito das obras de seu pai:

“Infelizmente ele virou as costas para todo mundo. Eu sempre fui aliado, sempre tentei ajudar. É uma pena, porque tem muita coisa inédita para editar. Mas tudo isso não está na minha casa, está no arquivo da EMI”, finalizou Froes.

 

Foto: Frederico Rozário/Agência O Globo