Lançamento de Músicas Completas nas Redes Sociais Transforma Consumo Musical

Nos últimos anos, a prática de lançar músicas inteiras diretamente em redes sociais tem se tornado cada vez mais comum. Artistas como Kendrick Lamar e Drake são exemplos recentes dessa tendência, que está mudando a forma como o público consome música. O MIDia Reasearch falou sobre esse assunto recentemente em um artigo.

No caso de Lamar, que lançou seu novo single completo no Instagram Reels antes de disponibilizá-lo em plataformas de streaming, chamou a atenção do público e da crítica. Sua música, ainda fora das principais plataformas de streaming, já conta com milhões de visualizações e curtidas, o que reforça o impacto das redes sociais como uma plataforma independente de consumo musical.

Para o portal, essa estratégia reflete um fenômeno crescente, em que aplicativos como TikTok e Instagram Reels se consolidam não só como ferramentas de marketing, mas como meios próprios de consumo musical. Como apontado pela pesquisa da MIDiA de 2024, cerca de 25% dos novos artistas estão lançando suas músicas diretamente em plataformas de conteúdo gerado por usuários, sem intermediários como gravadoras ou distribuidores.

No entanto, essa abordagem não está isenta de desafios. Embora o alcance e a visibilidade das redes sociais sejam enormes, a monetização nessas plataformas ainda é inferior em comparação ao streaming. Além disso, o sucesso nas redes tende a ser efêmero, com músicas que viralizam rapidamente, mas muitas vezes desaparecem com a mesma velocidade.

O portal explicou que com o tempo, o dilema para os artistas será equilibrar a visibilidade imediata que as redes sociais oferecem com a sustentabilidade e longevidade que as plataformas de streaming ainda garantem. Enquanto isso, o streaming puro continua a tentar se reinventar, incorporando elementos das redes sociais para não perder espaço nesse novo cenário.

 Foto; Rob Hampson

Estudo Mostra que Compositores Enfrentam Dificuldades para Viver da Música na Era do Streaming

Um estudo da consultoria britânica Midia Research revela que viver apenas como compositor na era do streaming é cada vez mais difícil. O levantamento, intitulado “Songwriters Take the Stage”, aponta que a remuneração para compositores não aumentou significativamente nos últimos 13 anos desde a criação do Spotify.

De acordo com a Folha de São Paulo, o relatório revelou que apenas 10% dos mais de 300 compositores pesquisados ganham mais de US$30 mil por ano, enquanto 54% recebem no máximo US$ 1.000. Para 67% dos entrevistados, a principal dificuldade é a baixa renda gerada pelo streaming.

Cada reprodução de uma música gera cerca de US$0,004. Desse valor, apenas 14% é destinado aos compositores, com 56% indo para artistas, gravadoras e distribuidoras, e 30% para o serviço de streaming. Na prática, isso significa que os compositores recebem apenas 9,5% da receita total, enquanto os artistas ganham quase o dobro.

A situação é ainda mais complicada pelo fato de que, ao contrário dos artistas, os compositores não podem complementar sua renda com turnês ou vendas de mercadorias. Por isso, somente 0,04% dos compositores se dedicam exclusivamente à composição.

Foto; Logo do Spotify – Rodrigo Oropeza/AFP

A ERA DOS ARTISTAS INDEPENDENTES

O portal Terra publicou uma notícia sobre o impulsionamento dos artistas independentes no mercado fonográfico.

De acordo com a organização americana de mídia NPR, para que um artista seja classificado como independente, basta que ele não seja ligado as “Big 3” – Sony, Warner e Universal. Segundo o Terra.com, essa categoria corresponde a cerca de 40% do mercado global, o maior índice desde 1990.

Em 2018, o relatório da Midia Research realizado em parceria com a Amuse, distribuidora de música digital, afirmou que os artistas independentes geraram mais de 643 milhões de dólares, um aumento de 35% em relação ao ano anterior.

Vale lembrar que Will.I.Am, do grupo pop The Black Eyed Peas, é sócio da Amuse. Atualmente, a empresa oferece um app  que permite aos músicos publicarem seus trabalhos nas plataformas de streaming, acompanhar sua performance e coleta de royalties, tudo isso de forma gratuita.

Para o portal,  os serviços de streaming e os distribuidores digitais como Tunecore e CD Baby, oferecem serviços que facilitam a entrada de novos nomes no mundo inteiro contribuindo para o crescimento dos artistas independentes no mercado. Por outro lado, nunca foi tão fácil para o público ter acesso a trabalhos dos novos artistas.

O artista Bruno Zonzini, contou como está seguindo sua carreira de forma independente. Um grupo de investidores financiou seu primeiro EP, que será lançado em breve.  Ele disse que conseguiu recursos ainda para produção de músicas, videoclipes e publicidade .

Antes do lançamento, Bruno se apresentou no Brazilian Day em Orlando, maior evento da comunidade brasileira na Flórida. “Como artista independente, sou capaz de criar oportunidades que uma gravadora só daria para um artista já consolidado”, afirmou o cantor.

“Nunca houve época melhor para um artista independente e 2019 promete ser um ano de mais crescimento, tanto para artistas quanto para modelos alternativos de negócios no setor”, disse Mark Mulligan, da Midia Research.

Foto: Arquivo Pessoal / DINO

Está no ar mais um episódio do FF Podcast. Desta vez o tema é: #5 – A Direção Artística na Era do Streaming. Com participação do Produtor e Diretor Artístico Rafael Ramos. OUÇA AQUI!

NOVOS SERVIÇOS DE STREAMING TRAZEM QUALIDADE PARA FÃS DE MÚSICA CLÁSSICA

O Globo falou sobre como os fãs de música clássica tem encontrado dificuldades em ouvir música de qualidade, em um mundo onde os algoritmos das plataformas de streaming só indicam as músicas mais populares.

Os fãs de música clássica, apesar de poucos, continuam fieis e exigentes. O problema é encontrar faixas de qualidade, com descrições adequadas nos serviços de streaming.

Além das poucas opções, um outro grande problema para o encontro do gênero com o seu público sido relacionado aos metadados —  informações das faixas, como títulos e profissionais associados — das plataformas de streaming. Críticos argumentam que a arquitetura básica da música clássica não se encaixa nas plataformas, que são construídas com base na música pop.  No Spotify, por exemplo, ao se pesquisar “Mozart Requiem”, o usuário receberá uma “lista confusa de dezenas de álbuns” e Mozart aparecerá como “artista”, pois não há campo para compositor.

“Se você tem Herbert von Karajan regendo uma ópera de Verdi com Maria Callas, quem é o artista?” disse Till Janczukowicz, diretor executivo da Idagio, sediada em Berlim desde 2015. “Esta não é uma crise de gênero. É uma crise na embalagem de uma indústria”.

A Idagio e Primephonic são dois novos serviços de streaming que tem apostado em melhorar o acesso ao gênero musical: “Nossa missão é virar a maré para a música clássica da maneira como o Spotify fez para o pop”,  afirmou  Thomas Steffens, presidente da Primephonic, sediada em Amsterdã, na Holanda ao portal.

Para preencher esta lacuna, tanto a Primephonic, quanto a Idagio estão oferecendo um tradicional serviço de streaming, mas o diferencial está no detalhamento de faixas com base nos compositores, solistas, orquestras e maestros. Para uma pesquisa mais acurada, a Idagio possui uma equipe de supervisão de dados formada por 10 musicólogos na Eslovaquia.

Por US$8 ao mês (cerca de R$30) é possível assinar o plano da Primephonic, que disponibiliza pesquisa por número e tom de cada movimento. Na Idagio, o plano de assinatura é de US$10.

Segundo o último levantamento divulgado pela Midia Research, as gravações de músicas clássicas geraram US$384 milhões (cerca de R$1,5 bilhão) em todo o mundo, em 2018.

 

Foto: MIKEL JASO / The New York Times

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