Red Hot Chili Peppers está vendendo seu catálogo musical para a Hipgnosis por mais de US$140 milhões

Na última semana a Hipgnosis Songs anunciou que está adquirindo o catálogo de músicas da banda Red Hot Chilli Peppers por mais de $140 milhões. A banda, formada em 1982, possui um catálogo sólido de sucessos, com hits clássicos do rock como “Under the Bridge”, “Give It Away”, “Dani California” e “Knock Me Down”.

O catálogo do Red Hot foi escrito pelos principais membros da banda desde 1989 – o cantor Anthony Kiedis, o baixista Flea, o baterista Chad Smith e o guitarrista John Frusciante, que recentemente retornou para sua terceira passagem no grupo.

Conforme relatado pela Variety, o catálogo é administrado pela Moebetoblame Music, sob a orientação do advogado Eric Greenspan, sócio-gerente do escritório de advocacia Myman, Greenspan, Fox, Rosenberg Mobasser, Younger & Light LLP. Greenspan anunciou que atualmente o catálogo da banda gera US$5 milhões a US$6 milhões em participação líquida dos editores.

Além do retorno de Frusciante, mudanças têm acontecido na gestão da carreira da banda. O Red Hot rompeu seu acordo com o Q Prime, e agora está sendo gerenciado por Guy Osery, mesmo empresário de outros nomes grandes na música, como Madonna e U2. Com um anuncio de um álbum inédito em andamento, pode-se esperar que a banda retorne com muitas novidades.

Recentemente, a Hipgnosis tem corrido para aumentar a aquisição de catálogos musicais.  Em apenas duas semanas no início deste ano, a empresa adquiriu metade do catálogo de Neil Young, bem como os do Fleetwood Mac, Lindsey Buckingham, o produtor/executivo Jimmy Iovine e a cantora pop Shakira. Em pouco menos de três anos, a Hipgnosis adquiriu catálogos de hitmakers como Timbaland, Pretenders, RZA e Blondie.

 

Foto: ASSOCIATED PRESS

Por que artistas estão vendendo seus catálogos musicais?

Recentemente, vimos uma onda de artistas vendendo seus direitos autorais para grandes fundos de investimentos, como Hipgnosis Songs Fund e Primary Wave. A Rolling Stone publicou uma matéria para explicar sobre os motivos que levaram a alta da aquisição de catálogos musicais.

Para a Hipgnosis Songs Fund e a Primary Wave, adquirir os direitos autorais de artistas como Fleetwood Mac, Neil Young, Shakira, John Lennon e Dire Straits é um negócio bem rentável, uma vez que elas poderão ter retorno de diferentes formas como os royalties, licenciamento, acordos de marca e outras fontes de receita.

Além disso, os ativos musicais são um grande investimento, pois estão mais estáveis e muitas vezes mais valorizados em comparação a outros mercados. Como disse Merck Mercuriadis, fundador e CEO da Hipgnosis: “Se Donald Trump fez algo maluco, o preço do ouro e do petróleo são afetados, ao passo que as canções não … [as canções] estão sempre sendo consumidas”.

Há ainda outro fator para a valorização dos catálogos: as grandes gravadoras, não vão deixar startups como a Hipgnosis pegarem seus ativos mais valiosos sem pelo menos lutar. É por isso que a Universal Music adquiriu o catálogo de músicas de Bob Dylan, avaliado em US$400 milhões.

Por que os artistas e compositores estão vendendo seus catálogos?

A Covid-19 é um dos principais fatores que pode influenciar na decisão de alguns artistas a vender seus catálogos. Afinal de contas, muitas vezes suas rendas estão ligadas às turnês, e sem turnê não há renda. Entretanto, há outros motivos que podem pesar ainda mais para alguns. É o que veremos abaixo:

  1. Benefícios fiscais

Os benefícios fiscais estão cada vez mais se esgotando nos Estados Unidos. Segundo o portal, os planos fiscais de Joe Biden – presidente recém-eleito nos EUA – incluem a alteração do imposto sobre ganhos de capital para que fiquem alinhados ao imposto de renda, incluindo qualquer venda de ativos acima de US$1 milhão. Isso significa que neste caso, a taxa de imposto sobre a venda de um ativo lucrativo aumentará 20% para cerca de 37%.

Seguindo o exemplo de Bob Dylan, que vendeu seu catálogo por US$ 400 milhões: com 20% de imposto, ele deve pagar US$80 milhões ao governo; a 37%, ele deverá pagar $65 milhões a mais em impostos.

  1. Circunstâncias pessoais

Artistas mais idosos e no fim de carreira já podem estar pensando na divisão de seus bens a seus herdeiros, e por isso a ideia da venda catálogos pode ser prática. No caso de Dylan, será mais fácil dividir os $400 milhões adquiridos pela venda de seu catálogo do que uma vida inteira de direitos autorais.

Há ainda artistas que podem usar a venda de seus direitos para pagar dívidas e resolver problemas pessoais financeiros. É caso de Shakira, recentemente a cantora vem enfrentando uma acusação pelo governo da Espanha de uma dívida de US$16 milhões em impostos atrasados. Não se pode dizer se este caso a influenciou em sua decisão, mas vale o lembrete de que as estrelas também têm dores de cabeça com familiares e finanças.

  1. Lendo o mercado – e seus próprios legados

É preciso colocar na balança tudo o que pode acontecer futuramente no mercado musical, que sempre foi de altos e baixos. Em primeiro lugar, o crescimento da receita de streaming de música está desacelerando nos principais mercados (“maduros”) como os EUA e o Reino Unido, e não se sabe ao certo sobre sua estabilidade.

Além disso, nunca se sabe quando uma “nova ameaça tecnológica” pode deixar todos cegos nos próximos 20 anos, destruindo o valor das obras dos artistas da mesma forma que o Napster ou Limewire fizeram no passado.

O que está valendo é que empresas como a Hipgnosis estão pagando muito pelos lucros dos royalties previstos. Quanto maior o artista, maior o múltiplo: acredita-se que a Universal pagou a Bob Dylan um múltiplo de mais de 25 vezes o que seu catálogo acumula a cada ano. Tirar esse dinheiro adiantado pode deixar as incertezas menos desagradáveis para os artistas.

 

Imagem: (reprodução) Robb Cohen/Invision/AP Images; Chris Pizzello/AP Images; Greg Allen/Invision/AP Images

Em acordo milionário, empresa de investimentos adquire metade dos direitos de discografia de Neil Young

A empresa de investimentos, Hipgnosis Songs, anunciou hoje (06) que adquiriu metade dos direitos autorais do catálogo de Neil Young, em um contrato avaliado em US$150 milhões.

Segundo o Music Business Worldwide, com a aquisição a empresa passa a ter direitos sobre a metade dos rendimentos das 1.180 músicas do artista.

O catálogo de Neil Young é considerado um dos mais valiosos da história da música. No total, o artista e compositor lançou quase 50 álbuns de estúdio e mais de 20 álbuns ao vivo. Sete de seus álbuns foram listados na parada dos 500 melhores álbuns de todos os tempos da Rolling Stone.

Ao longo de sua longa carreira de sete décadas, Young recebeu 27 indicações ao Grammy, 28 ao Juno Award e foi indicado ao Rock and Roll Hall of Fame duas vezes – tanto como artista solo quanto como membro do Buffalo Springfield.

Em um comunicado, o fundador da Hipgnosis, Merck Mercuriadis, disse que sempre foi fã de Young e que acaba de realizar um sonho: “As canções de Neil Young são parte de quem eu sou, elas são de muitas maneiras responsáveis ​​por quem eu me tornei e certamente estão em meu DNA”.

“Construí a Hipgnosis para ser uma empresa da qual Neil gostaria de fazer parte. Temos integridade, ethos e paixões comuns”, continuou o executivo.

Antes de lançar a Hipgnosis na Bolsa de Valores de Londres em 2018, Mercuriadis trabalhou como manager de nomes como Elton John, Beyoncé e Morrissey – e continua gerenciando a carreira artística de Nile Rodgers, co-fundador da empresa.

A Hipgnosis tem ganhado cada vez mais destaque no mercado musical. Além de ter investido mais de US$1,5 bilhão em catálogos de música nos últimos dois anos, começou 2021 adquirindo catálogos de edição de Lindsey Buckingham do Fleetwood Mac e do produtor Jimmy Iovine, responsável pela produção musical de filmes como ‘8 Mile’, estrelado por Eminem e ‘Get Rich or Die Tryin’, de 50 Cent.

A compra de catálogos musicais vem crescendo em escala mundial, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus. Vale lembrar que recentemente, a Universal Music adquiriu o catálogo de Bob Dylan estimado em US$400 milhões.

 

Foto: Ben Houdijk / Shutterstock