Matéria de @Synchtank

O que esperar para o mercado musical em 2020? O futuro do mercado, novas tecnologias, maior envolvimento com os fãs, a era dos artistas independentes. Veja o que alguns dos melhores especialistas consideram como tendências para o início de uma nova década para a indústria da música.

Com o fim do ano, sites especializados no mercado musical tentam prever as tendências para o mercado musical em 2020. O portal Synchtank.com chamou alguns do nomes mais brilhantes da indústria da música internacional para fazer essa tarefa.

Cherie Hu – Jornalista e Autora do Water & Music Newsletter

Para Cherie é difícil prever o futuro da indústria da música, é mais fácil acompanhar os assuntos atuais, pois eles estão influenciando as estratégias para o futuro do mercado.  Entretanto, a jornalista afirma que há três questões principais a serem pensadas como tendências para o mercado musical:

  1. Relacionamento com o cliente/fãs (CRM): Artistas devem saber qual o seu público. Cada vez mais os artistas querem ter informações sobre quem são seus fãs e como centralizar esses dados em um local centralizado, em vez de fragmentado em vários intermediários. Cherie conta que há grandes celebridades que chegam a compartilhar números de telefone nas mídias sociais para pedir aos fãs que enviem mensagens de texto para elas.
  2. Fontes alternativas e sustentáveis ​​de capital para artistas: A queda da PledgeMusic, revelou uma nova lacuna de mercado nas ferramentas de financiamento e marketing direto aos fãs. Ela acredita que o surgimento de novas startups de financiamentos coletivos podem transformar os fãs em investidores de álbuns de artistas em troca de uma parcela dos royalties o que tornará a indústria mais democrática.
  3. Ainda não sabemos quem é o “dono” da indústria da música –   O atual entendimento sobre quem detém o poder da indústria da música será constantemente “distorcido” e “desafiado” em 2020, uma vez que a todo momento aquisições, fusões e parcerias estão acontecendo no mundo e transformando o mercado musical.

Mark Mulligan – Diretor Gerente da MIDiA Research

Mark Mulligan afirma que as maiores mudanças serão notadas apenas a longo prazo, e por isso prefere prever as tendências para o mercado musical, mas pensando na próxima década:

  1. A década do empoderamento do criador: Assim como Cherie Hu, Mulligan destacou o artista independente: “A década de 2020 será a década do criador independente”, afirmou o executivo.

Como a maioria dos artistas independentes também são compositores, surgirão mais serviços para atender suas necessidades, como CD Baby e Tunecore. Além disso, com o aumento dos podcasts, mais artistas se tornarão criadores de áudio em um sentido mais amplo. A independência está se tornando um estado de espírito. Empresas de música tradicional já estão tendo que adaptar seus modelos de negócios às necessidades desses artistas.

  1. Distribuição versus direitos: A medida que serviços de streaming como o Spotify avançam progressivamente na cadeia de valor, a relação selo/distribuição terá sido redefinida. “Por bem ou por mal…”.
  2. Principais empresas de tecnologia se tornarão potências: Empresas como Amazon e a Apple se tornarão grandes “salas de máquinas do conteúdo digital”, agregando serviços de conteúdo a outros produtos. Ambos já estão em fase experimental oferecendo pacotes de dispositivos. A música se tornará apenas um componente dos pacotes de assinatura com vários conteúdos. “Por exemplo. o iPhone 12 Premium Edition pode vir com música, TV +, Arcade, Notícias + e mais por 18 meses incluídos”.
  3. Crise de descoberta…e solução: Mulligan conta que estamos ouvindo muito mais música. Entretanto, descobrindo pouca coisa nova. O envolvimento com artistas também está caindo. “O streaming está se tornando um beco sem saída para o envolvimento de artistas e fãs. Essa crise vai piorar antes de melhorar. Mas vai melhorar.”, afirma. Com isso, novas ferramentas e insumos serão usados ​​para direcionar a personalização.
  4. Avaliações de catálogos reinventadas: A atual corrida do ouro no catálogo de músicas baseia-se fortemente nas visões tradicionais de como avaliar a música. Mas com o streaming transformando como a música é consumida, as antigas metodologias de avaliação logo se dobrarão. “O dinheiro inteligente funcionará com formas radicalmente novas de definir valor”.
  5. O fandom se tornará a nova moeda: À medida que o crescimento da receita de streaming diminui, crescerá a procura por serviços de música vindos do Oriente, como os oferecidos pela chinês Tencent. Estes monetizam os fãs. Assim, no Ocidente, esse serviços gerarão novas receitas vindas especialmente do público mais jovem. Os serviços de música seguirão o exemplo de games como o Fortnite. O Facebook espera ser o criador de mercado para os fãs do Ocidente, mas a Bytedance pode ser a ponte entre o Oriente e o Ocidente, no consumo e fãs.

Dan Runcie – Jornalista e autor do Trapital, the Hip Hop Business & Strategy Newsletter

Para o Runcie, a saúde mental terá um papel importante na maneira de como os artistas abordarão seus negócios em 2020. Avanços na tecnologia como VR, AR e realidade mista trarão novas alternativas de envolvimento em ambientes mais controlados e mais criativos para o artista e os fãs.

Artistas poderão criar novos negócios em espaços de mídia, focar em venda de mercadorias e muito mais. Além disso, artistas poderão fazer apresentações ocasionais em line-ups de  festivais, sem serem submetidos a turnês que exigem tanto desgaste mental quanto físico.

“Pode ser desanimador ouvir sobre a ansiedade que nossos artistas favoritos têm em suas turnês. Mas também devemos nos sentir encorajados por haver mais opções hoje do que nunca”, afirma o jornalista.

Michael Donaldson – fundador do 8DSync & 8sided.blog

Michael fez previsões com relação aos artistas independentes. Ele afirma que mídias sociais abriram muitas portas para esses artistas: “O marketing independente caiu no cavalo de tróia das mídias sociais, com muitos artistas contando exclusivamente com os gostos do Facebook para divulgar a mensagem”, afirmou.

“Assim, artistas independentes estão cada vez mais introduzindo estratégias domésticas que estão inteiramente sob seu controle. Vemos isso na conversa crescente sobre recuperar fãs, apoio direto de artistas e a importância de “histórias” individuais. E vemos novas reviravoltas nos conceitos antigos. Listas de e-mail, sites de artistas criativos, blogs, divulgação de base localizada – táticas que antecederam as mídias sociais, agora reunidas com as mais recentes inovações tecnológicas”, contou ao portal.

Para Michael, no futuro, as redes sociais continuarac sendo uma ferramenta importante, mas não a única. “Artistas independentes entenderão que, junto com o crescente interesse em possuir mestres e administrar direitos, o controle sobre como alcançam e interagem com seu público é igualmente vital”, prevê.

 

Foto: Reprodução/Synchtank.com/blog

 

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